6 de junho de 2010


Em mim foi sempre menor a intensidade das sensações que a intensidade da consciência delas. Sofri sempre mais com a consciência de estar sofrendo que com o sofrimento de que tinha consciência.

A vida das minhas emoções mudou-se, de origem, para as saias do pensamento, e vivi sempre mais amplamente o conhecimento emotivo da vida.

E como o pensamento, quando alberga a emoção, se torna mais exigente que ela, o regime de consciência em que passei a viver o que sentia, tornaram-me mais quotidiana, mais epidémica, mais titilante a maneira como sentia.

Bernardo Soares - Livro do Desassossego

Sem comentários:

Enviar um comentário